sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Líderes de rebelião serão transferidos para presídio federal



Anúncio foi feito pelo secretário Aluisio Mendes, que acompanha a transferência dos presos.

            Pinheiro - Trinta e nove presos estão sendo transferidos, nesta sexta-feira (11), da delegacia Regional de Pinheiro para o município de Paço do Lumiar, além de dois da delegacia de São Bento.
A transferência está sendo acompanhada pelo secretário de Estado de Segurança, Aluisio Mendes, e pelo Superintendente de Polícia Civil do Interior, Jair de Paiva Lima, além da delegada, Laura Amélia Barbosa, titular da delegacia Regional de Pinheiro.
            Aluisio Mendes disse que os trinta e nove presos ficarão recolhidos, provisoriamente, no presídio de Paço do Lumiar onde funcionava a prisão feminina. até a conclusão da reforma na delegacia Regional de Pinheiro, prevista para 30 dias. Segundo o secretário, eles voltarão à delegacia de Pinheiro e ficarão até a construção de um presídio naquele município, anunciado pelo governo do Estado e pela União.
            José Ramiro Moreira, 18 anos, um dos líderes da rebelião em Pinheiro, será transferido para um presídio federal, assim como os outros dois idealizadores do motim. "Essa é uma política implantada desde o início da rebelião em Pedrinhas. É uma política minha, uma política de estado. Qualquer líder de rebelião com caráter violento será imediatamente transferido para um presídio federal. Isso, inclusive, foi reafirmado pelo ministro da Justiça. Nós celebramos essa parceria no ano passado e vamos continuar com essa política. Nós temos identificados três responsáveis pela rebelião", explicou.
            Das cinquenta vagas disponibilizadas para o Maranhão desde 2010, trinta já foram utilizadas.   No fim do ano passado, trinta detentos foram transferidos pela SSP. Ainda estão direcionadas ao Maranhão vinte vagas. Provavelmente, eles serão levados para o presídio federal de Mossoró (RN).
Indagado sobre o presídio em Pinheiro, Aluisio Mendes disse que o prazo para o início das obras será o mês de março. Disse, ainda, que o prazo para a conclusão do presídio é de 120 dias.
Catorze presos, que estavam na delegacia Regional de Pinheiro, foram transferidos na tarde desta terça-feira (8). Eles foram levados para delegacias nas suas cidades de origem. As transferências fazem parte do acordo entre os presos e a Secretaria de Estado de Segurança Pública, que fizeram 15 horas de rebelião da noite de segunda-feira (7) às 13h de terça-feira.
A delegada Laura Amélia Barbosa elogiou o trabalho da Secretaria de Estado de Segurança ao solucionar a rebelião e no que diz respeito o processo de transferência de presos. Ela defendeu uma reforma ampla e segura para a delegacia Regional de Pinheiro.
          Sobre a construção do presídio em Pinheiro, a delegada considera importante, pois essa regional é a maior do Maranhão em número de municípios, além de desafogar a delegacia Regional de Pinheiro. Segundo ela, a delegacia tem que servir como passagem de presos e não funcione como Penitenciária.

Reivindicação e Barbárie 

          Os noventa e sete detentos que estavam na carceragem da delegacia reclamavam, principalmente, da superlotação. Na noite de ontem, eles tentaram fugir, mas a ação foi frustrada pela polícia, dando início à rebelião, por volta das 22h de segunda-feira, (7) até às 13h de terça-feira, (8).
          Durante o motim, seis presos foram mortos, sendo quatro decapitados. Entre eles está o pescador José Agostinho Bispo Pereira, preso, em junho de 2010, por abusar da filha, de ter com ela oito filhos, abusar de uma filha-neta e, ainda, mantê-las em cárcere privado, em um povoado isolado do município de Pinheiro. O caso dele ficou conhecido internacionalmente, e ele passou a ser chamando de "O Monstro de Pinheiro".

Monstro de Pinheiro'' é morto durante rebelião em delegacia


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            Pinheiro - O pedófilo José Agostinho Bispo Pereira, 55 anos, que ficou conhecido internacionalmente como o "Monstro de Pinheiro", foi morto durante a rebelião que acontece, desde a noite dessa segunda-feira (7), na Delegacia Regional de Pinheiro. Agostinho Bispo foi condenado por abusar da filha, com quem teve sete filhos-netos, e por manter todos eles em cárcere privado durante anos, em um povoado afastado, no município de Pinheiro.
            José Agostinho Pereira, que era pescador, foi preso em flagrante no dia 8 de junho de 2010. A polícia estava investigando o caso durante 15 dias, após denúncias e comentários da população. A filha, com quem Agostinho mantinha um relacionamento matrimonial, tem 29 anos e era abusada desde o 12. Com ela, teve sete filhos.
            Depois de descobrir o caso, a polícia comprovou, ainda, que a filha-neta de 8 anos já estava sendo abusada pelo pai-avô.
            José Agostinho mantinha estes fatos em segredo da comunidade local, pois, segundo o que ele próprio asseverou em seu interrogatório, sabia que, se alguém descobrisse, seria preso pela polícia.

Líder de rebelião fala sobre o motim


José Ramiro, 18 anos, revelou os motivos da revolta e o por que matar detentos.

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Um dia depois da rebelião que matou seis detentos, um dos líderes do motim, iniciado na noite de segunda-feira (7) e encerrado na terça-feira (8) à tarde.
José Ramiro Moreira revelou os motivos de promover a rebelião na Delegacia Regional de Pinheiro e o porquê de matar presos durante o movimento.
Abrindo o jogo: José Ramiro
Reporter - Por que tirar a vida de quem não estava diretamente exigindo melhorias na carceragem?
José Ramiro Moreira Araújo - Assim como existe uma lei, aí fora, que nos colocou atrás das grades, aqui dentro da cadeia também tem. Não aceitamos estupradores, pedófilos e homem que se diz homem e tem coragem de bater na cara de mulher. Se alguém tem que morrer por algum motivo, estes são os primeiros da fila.
Reporter - O que particularmente te levou a promover essa rebelião?
Ramiro - Da mesma forma que muitos colegas aqui, eu sou um preso temporário. O certo era eu ter ficado aqui dentro apenas por cinco meses, mas já estou há nove, e em vez de me conceder a liberdade condicional, a Justiça prefere me deixar aqui, para ficar amontoado com outros que já estão há seis anos na mesma situação.
Reporter - Em junho do ano passado, esta delegacia foi parcialmente destruída durante uma rebelião. Por que desta vez vocês resolveram matar?
Ramiro - A gente poderia quebrar tudo de novo, mas a única coisa que ia mudar realmente seria a pintura das paredes. Ninguém resolveria o nosso problema. Então, a gente mata para ver se consegue chamar a atenção. Se ninguém resolver, o jeito é continuar matando.
O Estado - O que mais incomoda vocês no dia-a-dia da cadeia?
Ramiro - Tudo incomoda. Aqui, as celas, que deveriam comportar cinco presos, estão com mais de 30. Não temos espaço sequer para deitar e dormir. Quando a gente vem para o banho de sol, é um alívio, porque dá pelo menos para esticar as pernas. Aqui, nem sei o que é pior: a água que se bebe ou a que se banha.
Reporter - Qual o local ideal para vocês cumprirem pena?
Ramiro - Perto das nossas famílias e bem longe da capital. Lá, ninguém gosta dos presos da Baixada. Se insistirem em mandar a gente para lá, mais cabeças vão rolar, infelizmente.